quinta-feira, 26 de março de 2015

Teorias sobre a situação atual do SP


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Foto: Tiago Queiroz/Estadão (19/6/2009)
Não sei o que acontecerá com o time no curto prazo. Talvez o Muricy peça as contas, talvez ele seja demitido, talvez ele fique. Já faz muitas semanas que ele está sendo cozinhado numa panela de pressão, situação péssima para alguém com uma saúde tão frágil quanto a dele. É claro que alguma culpa na situação ele tem, mas não adianta tentar se iludir achando que uma simples troca de técnico vai resolver a questão. E aponto os motivos para isso.


  • Não há alternativa no mercado. Abel Braga é o melhorzinho, mas não é dele que o São Paulo precisa agora: na última passagem pelo Inter, com um elenco bom no papel (caso do São Paulo), ele não conseguiu fazer o time render. Se o Muricy sair, eu gostaria de ver um técnico estrangeiro com bom currículo no comando do São Paulo, mas a diretoria dificilmente apostará em alguém assim, devido ao preço — ainda mais alto com o dólar nas alturas — e à eterna desculpa de que “será necessário tempo para se adaptar à realidade do futebol brasileiro”. Um técnico assim não viria para se adaptar; viria para revolucionar.Temos em nossa história um bom exemplo desses. Mas não vai acontecer de novo tão cedo, porque a diretoria não vai se arriscar.
  • Se há jogadores fazendo corpo mole para derrubar o técnico, derrubá-lo é uma das piores coisas que podem ser feitas. Tenho para mim que havia jogadores deliberadamente tentando derrubar Muricy Ramalho em 2009, o que provavelmente nos custou o tetracampeonato brasileiro, inclusive. Junto com alguns dirigentes, conseguiram o queriam. E sentimos os reflexos até hoje. Vieram técnicos fracos, que não conseguiram “ganhar” o time e foram caindo, um atrás do outro, assim como o São Paulo em quase todos os campeonatos que disputou desde então. O próprio Ney Franco, com todos os defeitos que tem, pode ter sido vítima disso. Derrubar Muricy hoje daria força a jogadores que eventualmente estejam querendo derrubá-lo.
  • Isso sem falar que, nesse caso, a culpa não seria do técnico, que pagaria sem ser o principal responsável (note que não eximo o Muricy de culpa pela maneira como o time vem jogando). Os responsáveis seguiriam vestindo nossa camisa, prontos para derrubar um novo técnico que eventualmente os desagradasse. Sim, é mais fácil trocar um do que o time todo, mas quantas vezes será necessário trocar um?
  • Demitir Muricy significa seguir pagando o alto salário de um técnico até o fim do ano para ele ficar em casa, enquanto se paga o mesmo ou mais por um outro para sentar no banco de reservas. Na situação financeira em que o clube diz se encontrar, não é o melhor dos cenários.
Isso quer dizer que, para mim, a solução é deixar tudo como está? Sinceramente, não sei nem tenho a pretensão de saber. Talvez a saída de Muricy seja a melhor opção, diante do cenário atual. De repente, o São Paulo troca de técnico e ganha o Paulista, a Libertadores e o Brasileiro — eu posso sonhar, não posso? Mas são diversas variáveis que devem ser levadas em consideração na hora de tomar qualquer decisão. Não existe uma resposta óbvia. Seja o que for decidido, tem potencial para ser algo que nos afetará, para o bem e para o mal, por meses a fio, talvez anos.

Agora pela manhã, a conta oficial do São Paulo no Twitter soltou um tuíte comemorativo referente aos sessenta anos do segundo recorde mundial conquistado por Ademar Ferreira da Silva. Essa marca significativa representa uma das estrelas douradas de nossa camisa. (Concorde-se ou não com a presença das estrelas, e eu discordo, elas fazem parte da nossa camisa.)
Mas esse tuíte foi usado como ferramenta de ventilação de ódio e falta de educação, com diversos tuítes de resposta contendo palavrões, reprimendas e que-tais. Sabe quem vai ler esses tuítes? A equipe de Marketing do clube, que não tem absolutamente nada a ver com o gerenciamento do futebol. São gente de bem, que trabalha em prol do São Paulo muito mais que a maioria dos dirigentes.

Não que eles não estejam acostumados com tais demonstrações de raiva após derrotas. Eu não estou imune à raiva durante atuações lamentáveis como a de ontem, mas, se eu resolver desabafar, certamente não será xingando quem automatizou uma postagem no TweetDeck.

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