sexta-feira, 13 de março de 2015

A crise do São Paulo de A a Z


A fissura no departamento de futebol do São Paulo aconteceu ainda no ano passado após Muricy Ramalho e Carlos Miguel Aidar discutirem asperamente. Ali o presidente definiu que o técnico não era mais o nome adequado para comandar a equipe.

Demiti-lo após o vice-campeonato brasileiro e a promessa de um 2015 próspero não parecia a melhor ideia.
Aidar, no entanto, começou a dar voz aos muitos conselheiros insatisfeitos (com razão) com o trabalho ruim do treinador, que mesmo com um time recheado de estrelas não conseguiu abocanhar nenhum título no ano anterior. O escudo que protegia o CT das influências externas estava rompido.
Ataíde Gil Guerreiro, vice de futebol, se posicinou contra e fechou com técnico e jogadores, que compraram a ideia do dirigente. Desde então, é em Ataíde que o elenco confia, não em Aidar.
Acontece que as pálidas performances e as derrotas para o Corinthians escancararam o frágil trabalho à beira do campo. É preciso lembrar que Muricy ajudou a tirar o São Paulo da lama em 2013, mas desde então acumula eliminações para Ponte Preta, Penapolense, Bragantino e corre o risco de cair na primeira fase da Libertadores sendo superado pelo arquirrival Corinthians em pleno Morumbi.
À medida que os resultados não apareceram, Aidar ligou a frigideira e aumentou a temperatura. Disse que Muricy devia um título ao clube, disse que o São Paulo era favorito em Itaquera antes de levar um baile, faz chegar aos ouvidos do treinador que existem cada vez mais insatisfeitos com o trabalho, dá recado nas entrelinhas a jogadores entre outros.
O elenco não quer vê-lo pintado de ouro. A sensação é de que Aidar rifa a todos para salvar a si mesmo – e tentar desviar o foco dos três meses de direitos de imagem atrasados do jogador. Não é a primeira vez, nem a segunda. Até mesmo Muricy ficou sem receber no ano passado.
Enquanto isso, Ataíde resolveu assumir a função de para-raios e tem chamado a atenção para si para dar oxigênio a Muricy para tentar sair do buraco. Bater de frente com a torcida foi só uma das iniciativas. Tirar o São Paulo da Barra Funda para levar o time treinar no Morumbi antes do jogo contra o Corinthians foi outra. O vice já se reuniu diversas vezes com elenco e comissão técnica para garantir que não os deixará na mão. Ele é o nome mais respeitado hoje em dia no clube.
Não faltam no Morumbi pessoas que acreditam que a proximidade de Aidar com a principal organizada tem levado aos estranhos protestos. Até por isso os jogadores resolveram retrucar, como fez Souza. O problema é que o torcedor comum, aquele que paga ingresso e não tem ônibus fretado à disposição, se sentiu atingido.
Profundo conhecedor da política Tricolor, Muricy Ramalho sabe: Carlos Miguel Aidar quer tirá-lo do caminho, mas está fazendo de tudo para que o treinador peça demissão. Não quer arcar com o ônus de demitir um dos maiores ídolos da torcida.
Para se garantir, Muricy precisa fazer o time render em campo (o que não conseguiu até agora por culpa dele mesmo) e passar de fase na Libertadores. Se ficar já na fase de grupos, só um milagre o mantém no Tricolor no segundo semestre.
Ser fritado pelo presidente e sair pela porta dos fundos à beira da aposentadoria seria um final melancólico demais para um treinador que, apesar de defasado, tem tamanha identificação e amor pelo clube que comanda.

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