segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Promessa x realidade: SP virou do avesso projeto que Osorio aceitou


Do UOL, em São Paulo
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Juan Carlos Osorio inicia trabalho no comando do São Paulo8 fotos

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Ao lado de Carlos Miguel Aidar, Osorio acompanha o aquecimento dos jogadores do São Paulo antes do clássico contra o Santos Ricardo Nogueira/Folhapres
Juan Carlos Osorio foi anunciado no dia 26 de maio como sucessor de Muricy Ramalho no São Paulo, após um longo processo de escolha que atirou para diversos lados e não conseguiu sucesso com nenhum dos quatro alvos iniciais. Hoje, três meses depois, o colombiano de 53 anos cogita deixar o clube se o interesse da seleção mexicana se transformar em proposta oficial. A dúvida do técnico em relação à sua permanência acontece em parte pelo sonho de poder disputar uma Copa do Mundo, mas também porque o São Paulo de hoje é totalmente diferente daquele que lhe foi apresentado pelo presidente Carlos Miguel Aidar.

Promessa durou só 18 dias
No dia 20 de maio Carlos Miguel Aidar e o vice-presidente de futebol Ataíde Gil Guerreiro colocaram em prática o plano para contratar Osorio. Às pressas e em segredo, viajaram à Colômbia e passaram o dia com o técnico. O encontraram no centro de treinamento do Atlético Nacional, seu clube anterior, almoçaram com ele e terminaram o dia na casa de Osorio, discutindo a proposta e analisando vídeos do São Paulo. Naquela conversa, falaram o projeto do clube: seria necessário vender Rodrigo Caio, e apenas ele, para amenizar o problema financeiro, não poderiam ser feitos investimentos em contratações e seria necessário desenvolver atletas recorrento às categorias de base. Osorio aceitou.
A promessa durou 18 dias. Osorio chegou ao CT da Barra Funda no dia 1º de junho, comandou seu primeiro treino, e no dia 18 de junho o São Paulo anunciou a venda do zagueiro Paulo Miranda, tido pelo técnico colombiano como provável titular no esquema com três zagueiros. Foi o começo de um processo que transformaria o São Paulo do projeto apresentado em Medellín em um clube totalmente diferente.
O motivo: Rodrigo Caio
O São Paulo fechara no dia 12 de junho com o Valencia, da Espanha, a venda de Rodrigo Caio por 12 milhões de euros (R$ 47,5 milhões). Deste valor, o clube ficaria com 8,4 milhões de euros (R$ 33,3 milhões) - o São Paulo detém 90% dos direitos econômicos do atleta e o negócio previa 20% de comissão aos ex-agentes do jogador. A diretoria são-paulina acreditava que bastava essa venda para sanar os problemas do futebol - pelo menos disse isso na ocasião da proposta a Osorio.
Rodrigo Caio posou para fotos, anunciou a própria despedida, viajou à Espanha,mas não fechou com o Valencia devido a desacordo contratual, desavenças internas no clube espanhol e pedidos por diferentes exames médicos que fizeram com que o atleta desistisse da transferência - a história é tratada até hoje como segredo no Morumbi. Sem Rodrigo Caio e os R$ 33,3 milhões que ele renderia, o São Paulo precisou dar fim à promessa feita a Osorio.
Quatro titulares em duas semanas
A partir do fracasso do negócio em Valencia o São Paulo vendeu quatro jogadores que seriam titulares com Osorio em duas semanas. Depois de Paulo Miranda, no dia 18 de julho, para o Red Bull Salzburg, da Áustria, o volante Denilson foi vendido no dia seguinte, 19 de julho, ao Al Wahda, dos Emirados Árabes. No dia 30 de junho o empréstimo do zagueiro Dória acabou - mais tarde o departamento de futebol do São Paulo fechou negócio para contratá-lo por 6 milhões de euros (R$ 23,8 milhões), mas a operação foi vetada em reunião de diretoria por problemas financeiros. Na sequência, no dia 1º de julho, o volante Souza - o mais importante do time para Osorio - recebeu proposta do Fenerbahçe e foi vendido.
Críticas de Osorio aparecem
Dois dias após a venda de Souza, Osorio falou no CT da Barra Funda e intensificou as críticas ao desmanche do elenco. Disse que não havia sido avisado disso. "Entendo a decisão de vender jogadores, mas não compartilho dela. Eu penso que o certo seria vender dois jogadores [...] Não me enganaram, mas não me falaram que existia a necessidade de vender cinco jogadores", falou.
Toloi e mais três: oito saídas
A lista se completou com as saídas dos atacantes Jonathan Cafu e Ewandro, do meia Boschilia e agora com o zagueiro Rafael Toloi. As duas primeiras previstas e que não renderam quase nada aos cofres são-paulinos. A terceira foi um golpe duro no planejamento de Osorio. Boschilia era alternativa para o lugar de Ganso e vinha ganhando espaço - sua venda ao Monaco, da França, rendeu 6,3 milhões de euros (R$ 24,3 milhões) ao clube. A última, que se concretizou neste sábado, tirou de Osorio um de seus principais jogadores e só rendeu R$ 3,5 milhões - o São Paulo só detinha 25% dos direitos de Rafael Toloi.
Se a promessa era a saída única de Rodrigo Caio, a realidade se apresentou a Osorio com a perda de 28% dos jogadores de linha que lhe foram entregues. Quando ele assumiu, o elenco tinha 29 atletas além dos quatro goleiros. Com a saída de oito, a solução foi investir barato em contratações como o atacante Wilder e o zagueiro Luiz Eduardo, além de promover atletas da base, como o zagueiro Lyanco - os três reforços resgataram o elenco de 22 jogadores de linha para 25 atletas.
Auro deve sair até dia 31
Mas a lista não deve parar em oito saídas. O lateral Auro, que chegou a ser titular na ponta direita, tem proposta de empréstimo para ir ao Estoril, de Portugal e manifestou nos últimos dias desejo de sair.
São Paulo torce contra México, mas entende vontade
Nesta sexta-feira (21) a análise da parte mais próxima da diretoria do São Paulo foi que a derrota por 2 a 1 para o Ceará em casa, pela Copa do Brasil, não tira os méritos do trabalho de Osorio. Os dirigentes afirmam que não há justificativa para o time sair do Morumbi derrotado pelo time misto do lanterna da Série B, mas se apegam aos números - 73% de posse de bola e 22 finalizações - para ver pontos altos na atuação. Neste momento, sem saber ao certo o que irá acontecer, torcem para que a proposta da seleção mexicana não chegue e que, se chegar, não convença o técnico colombiano a abandonar o Morumbi.
No entanto, os próprios membros da diretoria entendem que o treinador tem argumentos para ser convencido a se mudar para o México. "O cobertor ficou muito curto", falou um dirigente, sobre a saída de tantos jogadores e prevendo que na próxima semana Toloi e Auro também deixem o clube.

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