quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Don Osorio versus Don Osorio

Técnico do São Paulo tenta implantar conceitos diferentes no time (Foto: Djalma Vassão/Gazeta Press)

Técnico do São Paulo tenta implantar conceitos diferentes (Foto: Djalma Vassão/Gazeta Press)
Devagar também é pressa, ensina o velho malandro que tão bem conhece os atalhos desta vida.
O conselho cabe direitinho no bolso de Don Osorio, que está no olho do furacão. E não estou falando desse mimimi todo em torno de uma mensagem indigesta no celular do técnico, que o levou a público desnecessariamente, sobretudo logo depois de derrota em que seu time foi uma verdadeira mixórdia, tática e tecnicamente.

Falo do tempo ajuizado para Don Osorio aplicar seus valiosos conceitos sobre futebol no atual São Paulo, a verdadeira contrafação do histórico Tricolor.
Se a atual diretoria herdou a irresponsabilidade e a incompetência da anterior, e ainda por cima o elenco não é lá essas coisas, embora também não seja uma baba, a hora é de Don Osorio ir implantando suas ideias em conta-gotas pra não transbordar o copo.
Mesmo porque ele está tentando aplicar três conceitos ao mesmo tempo, de forma que um anula o outro.
E quais são esses conceitos?
1) Montar um sistema de jogo em que a equipe fique mais agrupada, numa marcação alta, no campo adversário, esmerando-se no toque de bola. E isto, sim, é fundamental no sentido de mudar o braço da viola do nosso futebol.
2) Promover rodízios frequentes entre titulares e reservas.
3) Aumentar o índice de versatilidade de seus jogadores. Ou seja: que mais jogadores sejam capazes de exercer várias funções na equipe.
Ora, pra que o número 1 funcione a contento,  o número 2 deve ser adiado pelo tempo necessário para que a turma ganhe entrosamento. Sim, porque, pra que seu time jogue coeso, à frente e com muito toque de bola, é preciso que haja harmonia entre os jogadores, que cada um saiba o que é melhor para o outro, seu posicionamento etc. O rodízio, nesse caso, funciona no sentido oposto do desejado: provoca mais desentrosamento do que harmonia, claro, óbvio, elementar.
Por fim, o número 3 deve ser injetado no dia a dia com parcimônia, pois é sempre uma quebra de hábito do jogador e ele precisa de tempo para se adaptar às novas funções.
Bem, aí caímos numa quarta questão, esta a mais essencial de todas: quais as escalações mais corretas para se obter o melhor resultado (não falo de placar, e, sim, de desempenho) na aplicação do sistema escolhido (número1)?
Se você quer um time que jogue ofensivamente no campo adversário, com sua zaga avançada e um meio de campo que toque a bola, não pode ficar escalando três zagueiros lentos e sem técnica suficiente, muito menos dois ou três volantes deficientes no passe. Isso é puro suicídio, pois, nesse caso, o normal é perder a bola lá na frente, pelo passe errado, e tomar contragolpes com sua zaga lenta avançada.
E aqui entra o poder da versatilidade. Mais importante do que ficar deslocando laterais para as pontas ou coisas do tipo seria treinar volantes velozes para cumprir as funções dos zagueiros e preencher o meio de campo com meias que saibam tocar a bola com maior precisão do que os volantes habituais. Já que tudo começa com o primeiro passe lá atrás. Exatamente o oposto do que tem feito Don Osorio.
Resumindo: Don Osorio pensa bem, mas está executando errado. Está indo na contramão do que deseja. E isso é inconciliável.

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